Segunda-feira, 16 de Novembro de 2009

Les châteaux de la Sologne [ VII / IX ]

château de Troussay La science est un jeu dont la règle du jeu consiste à trouver quelle est la règle du jeu.

E depois do que ficou dito no anterior, voltamos à teoria da luta de classes. Agora na perspectiva dualista de classe dominadora/dominada. No caso específico domina quem controla a informação e a luta decorre pelo controlo dessa informação.

Solto o mafarrico perdeu-se-lhe o controlo. Bem avisara Pinho quando o representou, noutra variação sobre o mesmo tema, em pleno Parlamento. O que Pinho desconhecia era que Satanás, nas suas múltiplas formas, se haveria de misturar no espectro dos defensores da moral e dos bons costumes para fazer crer um duelo entre o bem e o mal. Mefistófeles travestiu-se de bem, lançando a insídia, contaminando a opinião pública com assombrações e reflexos maquiavélicos por si engendrados. A partir do château de Troussay, em cujas torres se transcreveram receitas não divulgadas de alquimias assassinas, deixou-se jorrar a poção aproveitando o ambiente de suspeita, com a esperança de que, ao se revelarem num contexto público cifras privadas pelo código da amizade, se transformassem banalidades em assuntos de Estado que justificassem asfixias na cooperação estratégica com fundamento no desrespeito hierárquico e nas faltas de consideração democráticas.

Em la Colinière, la Sologne, Renoir, realizador e actor, inventou o suspense a preto e branco num jogo de aparência onde usou a intermitência da luz para criar sombras inspiradoras do medo propício ao culminar do drama por si dirigido.

publicado por Luis Novaes Tito às 14:44
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Les châteaux de la Sologne [ VI / IX ]

château de Chémery Il faut bien que ces gens-là s’amusent comme les autres.

Não, decididamente não é a luta de classes, nem tão pouco a de castas. Apercebe-se, pelo desespero, que o litígio é só pela manutenção controlada das atenções, desviando-as do caso da roubalheira.

Decadente, a ver o tempo a esgotar-se, pressentindo o que já todos sabem mas ninguém diz alto e se prende com amores, obediências perdidas e a possibilidade de revelações surpreendentes, o jogo de Manuela, já falho de todo o baralho, centra-se agora na insídia que, à falta de argumentação sólida, se refugia nas muralhas da imunidade para fomentar mais suspeições e a desacreditação do regime e de todos os seus poderes. Manuela e o escudeiro Pereira, que lhe sussurra os venenos a usar, há muito que deixou as paredes transparentes de la Ferté de Saint-Aubin para se fortificar no château de Chémery acreditando assim proteger-se do fogo que anda a atear. A degeneração começa a ser evidente. A frustração de se saber sem força para impor a sua vontade e submeter os seus subordinados é pungente. À medida que o tempo se lhe extingue, esvai-se-lhe o pensamento no ódio.

Em la Colinière, la Sologne, todos anseiam o fim desta farsa, desta rábula sem nexo, agora que os actores já não conseguem entender se o jogo ainda tem alguma regra, ou se deverá ser completado com a batota trazida na manga.

publicado por Luis Novaes Tito às 14:42
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Quarta-feira, 11 de Novembro de 2009

Les châteaux de la Sologne [ V / IX ]

château de Chambord On est dans une époque où tout le monde ment.

Possivelmente, aquilo que tenho referido como classe, é só casta, logo, hierarquia não sujeita a litígio. Mas a casta superior decadente perde-se no fim da geração e a que emerge, mantendo-se pulverizada, simulará nova luta de classes.

Em la Règle du Jeu, Renoir, fez com que as sombras bailassem com os efeitos de luz enquanto a dança macabra se desenrolava no palco. Insatisfeito com o impacto conseguido, dirigiu os actores para interagir com a plateia, assombrando-a com os fantasmas da intriga no intuito de a manter controlada. Ali ao lado, no pátio do bichos do château de Chambord, faz-se alquimia que transforma boas-moedas em sal para queimar a terra, garantindo que nada de novo brote. Fica assim assegurada a fidelidade e evitada a hipótese do surgimento de sangue novo susceptível de escapar ao controlo. Na última fila do teatro sentaram o estratega Pereira, tão derrotado como os estratagemas por si criados, mas que servirá de cavalo-de-tróia caso a trama mude de enredo e fuja ao guião inicial. A presença do fantasma do Museu dos Coches tem de ser mantida como pressão sobre o único grupo que ainda transparece um mínimo de coesão na desconexa e fragmentada laranja mecânica.

Em la Colinière, la Sologne, aproveitando o decurso da peça mascarada e do bailado macabro que se lhe seguiu, engendraram-se tramóias de traição e infidelidades.

publicado por Luis Novaes Tito às 00:05
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Sexta-feira, 6 de Novembro de 2009

Les châteaux de la Sologne [ IV / IX ]

château de Blois Où est la vérité? Où commence la vie? Où donc finit le théâtre?

Mas será que mesmo dentro das mesmas classes há litígio? Talvez não. Talvez o litigar seja conceito marxista não aplicável, pelo menos nas classes dominantes onde o assassínio dos concorrentes é muito mais eficaz.

Enquanto os interesses se movimentavam nos bastidores e as tropas eram contadas à cabeça para saber da técnica a usar, o baile de fantasias decorria no salão maior do castelo vizinho ao château de Blois. Na festa prevaleciam as máscaras da verdade que subiam à tribuna a fazer de conta serem as jogadoras do futuro, sabendo que a sorte lhes estava traçada e não acabariam a valsa. Manuela rodopiou no palanque e sussurrou um "depois", que sabia não ter, e um passado onde se imaginou cinderela. Longe do baile, disfarçados de interditos, o aristocrata do Guincho e o chevallier de Vila Real cavavam trincheiras enquanto que o barão da Marmeleira, trajado de tribuno, continuava perdido no seu umbigo.

À la fête de la Colinière, la Sologne, no dia do baile das fantasias, todos se fantasiaram do que eram, todos fizeram de farsantes.

publicado por Luis Novaes Tito às 13:45
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Quarta-feira, 4 de Novembro de 2009

Les châteaux de la Sologne [ III / IX ]

château de Chenonceau Cependant, les lapins et les perdrix sont bien touchées.

Melhor dizendo, as classes litigam. Mas só litigam entre os diversos patamares da mesma classe. Litigam pelo lugar ao Sol e não pelo Sol que os interclassistas teimam em afirmar nascer para todos.

O dia da montada na reserva adjacente ao château de Chenonceau foi uma chacina. As matilhas levantaram toda a espécie de caça, fizeram correr lebres e coelhos, espantaram corças e javalis e até um beduíno que não se sabia haver por ali teve de se esconder dos zagalotes. O que as matilhas não fizeram, fizeram os batedores recrutados de Bruxelas. Mas da bicharada que se fez ao fogo excluiu-se a matreira raposa Marcelo, mais que experiente nestes jogos de levantar as peças para abate nas mini-coutadas da Quinta da Marinha. Quedou-se ao Sol no seu recato, resguardada para já nas margens de água que lhe banham o covil, não fosse uma bala perdida furar-lhe o couro.

Em la Colinière, la Sologne, no dia da caçada, de todos os que ansiavam obter um qualquer troféu, destacou-se Octave que informou não caçar, o que levou Christine a decepcionar, uma vez mais, o marquês de la Chesnaye com a declaração: Je n’aime plus la chasse.

publicado por Luis Novaes Tito às 12:45
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Segunda-feira, 2 de Novembro de 2009

Les châteaux de la Sologne [ II / IX ]

château de MontpouponMais parfaitement, je l’aime!
À ma façon…

Já vimos anteriormente que as classes não litigam. Antes pretendem ascender ao degrau seguinte, se necessário desviando o percurso dos que lá estão, para ganharem espaço.

Não foi no château de Montpoupon que as classes se mixegenaram. Não foi, mas podia ter sido, não fosse o tempo de Renoir ser outro e o castelo escolhido também. Mas estava escrito nas estrelas que as ambições do barão do Guincho teriam de ser anuladas, se necessário pela cedência dos sonhos imediatos das castas inferiores, com a promessa de ascensão futura e a garantia de que conseguiriam fazer do assassinato um acidente, na forja levada ao rubro da intriga que transforma a mentira em verdade. Sabia-se que as regras do jogo não incluíam Marcelo na presidência.

Em la Colinière, la Sologne, Robert de la Chesnaye continuou a ser o marquês rico, o amo, o aristocrata. Pode não ter conseguido retomar os amores de Christine, a quem foi infiel, mas não a libertou para André Jurieux.

Os tempos são outros e as personagens também. Está por esclarecer se a nova versão desta trama não terá uma finale different.

publicado por Luis Novaes Tito às 10:13
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Sábado, 31 de Outubro de 2009

Les châteaux de la Sologne [ I / IX ]

château la Ferté de Saint-AubinFaites cesser cette comédie

A morte anunciada da luta de classes tem tantos séculos como a própria morte e outros tantos como a existência dos níveis sociais. Afinal as classes não litigam. Só pretendem, no nível mais elevado, manter a sua condição e, em todos os outros, ascender ao patamar seguinte.

A coisa não pode ser abrupta e no château de la Ferté de Saint-Aubin sabia-se que, mesmo nos amores e desamores, tirando a capacidade do intrigar e do fazer-parecer, o upStairs pouco se diferenciava do downStairs. Faltou ali o confronto, o trinta-e-um da fornicação interclasses, a blasfémia insurgente de retirar do seu lugar o lugar que a cada um está reservado. A coisa tem de funcionar assim. Que o diga Rangel, Arnault e Relvas na vénia à aristocracia de Marcelo.

Em la Colinière, la Sologne, exceptuou-se o tiro, ainda que na defesa dos interesses do amo, porque os tiros não têm classe e têm a particularidade de demonstrar que a perda da vida significa condição igual.

publicado por Luis Novaes Tito às 13:39
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